Fluid (Fluido) | video installation | 4’54” | Color, 1920x1080 | Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2016
(EN) The film is the documentation of a performance proposed to a volunteer in order to discuss convergences and conflicts present in the gender binary heterocentric system. The soundtrack, specially designed to question different aspects involved in the power of the phallus in contemporary culture, uses principles of hypnosis and psychoanalysis studies of Theta waves, which act in the subconscious, as well as subliminal messages based on Paul Beatriz Preciado’s Contrasexual Contract.
The video art below contains sensitive material and is restricted to individuals over 18 years of age. Down bellow images of the video installation at Casa França Brasil "I Mostra de Imagem em Movimento EAV", 2016 and the critique by Diego Paleólogo.
(PT) O filme registra a performance proposta a um voluntário para tematizar convergências e conflitos presentes no sistema binário héterocentrado. Especialmente concebida para questionar diferentes aspectos implícitos no poder do falo na cultura contemporânea, a trilha sonora utiliza princípios da hipnose da psicanálise e estudos sobre ondas Theta, que atuam no subconsciente.
A videoarte abaixo contém material sensível e é permitida apenas para maiores de 18 anos. Abaixo, imagens da instalação de vídeo na Casa França Brasil "I Mostra de Imagem em Movimento EAV", 2016.
(EN) CRITIQUE
The Body Through the Mirror: Fluid and Other Deterritories _ by Diego Paleólogo
The body is the map of struggles, the physical and symbolic field in which discourses and practices take root. On the skin is inscribed the lexicon of experiences: the conflicts, negotiations, and possibilities of our fragile human formatting. Fluid intercepts the hegemonic continuity of the phallus and produces a rupture, a momentary suspension of the sexual contract, according to Paul B. Preciado. It involves, in the roll of the dice, the production of a fold in the device of sexuality. The slow and anguishing retraction of the phallus, captured by a camera that almost touches the body, bends the binary regime of man versus woman and offers the viewer another body: one in which fluidity and the interchange between the masculine and feminine are possible. The camera's proximity to the deconstructing organ disrupts the domesticated gaze accustomed to viewing the penis through images that evoke the pornographic imaginary.
The inversion of the penis ruptures the imposed (and perpetuated) duality of a society marked by the differences between man and woman, often reinforced by science and underscored by biology. Endowed with a specular logic, the work reveals itself as self-portraiture: the body in which polarities converge and hybridisms emerge is the locus of the artist's experiences; the incorporation of alterity. The body, the video, the screen become mirrors susceptible to traversals. Folding the body, producing lines of flight, canceling hierarchical power relations, and relocating the organs: Fluid presents a body in transitions, a new map of possibilities – an open, aquatic map where references float with each moment, each breath, each gaze.
(PT) CRÍTICA
O Corpo Através do Espelho: Fluído e outros des-territórios _ por Diego Paleólogo
"O corpo é o mapa das lutas, o campo físico e simbólico no qual os discursos e as práticas se enraízam. Sobre a pele inscreve-se o léxico das experiências: as disputas, as negociações e as possibilidades da nossa frágil formatação humana. Fluído intercepta a continuidade hegemônica do phallus e produz uma ruptura, uma suspensão momentânea do contrato sexual, de acordo com Paul B. Preciado. Trata-se, no mesmo lance de dados, da produção de uma dobra no dispositivo da sexualidade. A lenta e angustiante retração do phallus, registrada por uma câmera que quase toca o corpo, dobra o regime binário homem versus mulher e oferece ao espectador um outro corpo: um no qual a fluidez e o câmbio entre o masculino e feminino é possível. A proximidade da câmera com o órgão que se desconstrói desorganiza o olhar domesticado e acostumado a ver o pênis através de imagens que convocam o imaginário pornográfico.
O invaginar do pênis rompe com o dualismo imposto (e retroalimentado) por uma sociedade marcada pelas diferenças entre homem e mulher, não raramente corroboradas pela ciência e sublinhadas pela biologia. Dotado de uma lógica especular, o trabalho se revela enquanto autorretrato: o corpo no qual as polaridades convergem e os hibridismos surgem é o lócus de experiências da artista; a incorporação da alteridade. O corpo, o vídeo, a tela tornam-se espelhos passíveis de atravessamentos1. Dobrar o corpo, produzir linhas de fuga, cancelar as relações hierárquicas de poder e realocar os órgãos: Fluído apresenta um corpo em transições, um novo mapa de possibilidades – um mapa aberto, aquático, no qual as referências flutuam a cada instante, a cada respiração, a cada olhar."